QUEM SOMOS A Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro é um movimento de organizações da sociedade que a partir da identificação, sistematização e mapeamento de experiências procura se articular no estado com o objetivo de fortalecer as iniciativas agroecológicas.

A construção de uma agricultura dita alternativa inspira manifestações desde os anos 70 no Rio de Janeiro com experiências como a ABIO, COONATURA e o GAE, primeiros grupos de contestação a agricultura convencional com base na utilização de insumos externos, principalmente os agrotóxicos. Neste movimento também contribuíram as primeiras ocupações de terra que foram se transformando em assentamentos e experimentando práticas agroecológicas.

Experiências de âmbito e contribuição nacional para o tema também se destacaram no Rio de Janeiro como a ASPTA e a “Fazendinha” na EMBRAPA Agrobiologia. O Rio de Janeiro foi também palco de várias articulações nacionais em prol deste movimento, como o Encontro Brasileiro de Agricultura Alternativa (1984), o Seminário Nacional de Agricultura Alternativa (1994) e o Encontro Nacional de Comunidades Alternativas (anos 80), todos com um desafio em comum: a convivência com o meio ambiente a partir de uma agricultura com base ecológica, não desvinculada de preceitos como a organização política dos(as) agricultores(as) e seu desenvolvimento social.

Em períodos mais recentes este movimento se fortalece na realização dos Encontros Nacionais de Agroecologia (ENA), em 2002 e 2006. Estes encontros reuniram experiências previamente sistematizadas num rico processo de mobilização de técnicos (as) e agricultores (as) que se envolveram no processo preparatório. O Rio de Janeiro esteve presente no II ENA com uma delegação de 43 pessoas representando 32 experiências sistematizadas. Hoje já somamos mais de 100 experiências identificadas, sendo a maior parte sistematizada, além de atividades como os encontros regionais e trocas de experiências nas diferentes regiões do estado, mostrando o compromisso e a luta destes(as) agricultores(as), sujeitos na resistência e enfrentamento ao agronegócio que tanto ameaça as experiências agroecológicas em curso.

A opção agroecológica O agronegócio tão bem tratado e com tanto prestígio atualmente no Brasil é o mesmo que trata tão mal, há várias décadas, agricultores familiares, indígenas, quilombolas e Sem Terras. Investidas atuais em monoculturas convencionais de oleagionosas (biocombustíveis) ou na monocultura de cana-de-açúcar (produção de etanol) se avolumam sobre o território impactando social e ambientalmente. Exemplo destes impactos assistimos no campo mexicano onde a monocultura de milho transgênico para produção de etanol substituiu os campos para produção de alimento. Converteram-se alimentos em combustíveis.

Este cenário aparentemente desanimador para quem busca a soberania alimentar a partir da decisão do que, como e para quem produzir, preservando a biodiversidade e identidade dos (as) agricultores (as) ressalta a necessidade de se contrapor a este modelo a partir da organização política e da agroecologia.Apesar da falta de apoio através de políticas públicas que no mais das vezes serve a apenas um senhor, o agronegócio, milhares de experiências agroecológicas vem se desenvolvendo no campo, surpreendendo pelos resultados, uma vez que, ignoradas pelas políticas públicas, superam as adversidades e enriquecem cada vez mais os conhecimentos que estão sendo gerados. Estas experiências beneficiam milhares de agricultores (as) e consumidores que se articulam propondo um caminho digno de desenvolvimento, coisa que o agronegócio ainda não aprendeu como mostra nossa história de 500 anos de monocultura de cana-de-açúcar. Se contrapor ao agronegócio ao mesmo tempo em que se propõem políticas realmente públicas que beneficiem as experiências agroecológicas são princípios seguidos pela articulação em prol da agroecologia.